O Brasil enfrenta uma disparada nos preços da gasolina e do diesel, que deve continuar nos próximos meses. Esse aumento inevitável é consequência direta das escolhas políticas do governo, que se recusa a sanear suas contas públicas.
Tudo começou com a diferença cada vez maior entre os preços domésticos, mantidos artificialmente baixos pelo governo, e os preços mundiais dos produtos de petróleo. Nos últimos meses, os preços internacionais do petróleo e de seus derivados como gasolina e diesel subiram muito.
Essa diferença de preços, chamada de “defasagem”, representa um pesado prejuízo financeiro para a Petrobras, a empresa petrolífera estatal. Normalmente, a Petrobras deveria repassar esse aumento em seus custos de abastecimento para os preços nos postos.
Mas o governo impede isso, temendo que um aumento assim alimente a inflação e prejudique ainda mais sua já frágil popularidade. Ele prefere, então, manter preços administrados, baratos para os consumidores.
No entanto, essa política tem um custo alto. Ao manter artificialmente os preços baixos, o governo aprofunda os déficits da Petrobras, que precisam ser cobertos de alguma forma. Uma situação que fragiliza a situação financeira da empresa.
Além disso, a recusa do governo em atacar o déficit público abala a confiança dos investidores na economia brasileira. Isso se traduz em uma depreciação do real frente ao dólar, encarecendo ainda mais as importações de combustíveis.
Assim, a escolha política de manter a todo custo preços baixos nos postos, sem sanear as contas públicas, cria um círculo vicioso que agrava a situação. Quanto mais tempo passar, maiores e mais dolorosos serão os ajustes de preço necessários para os brasileiros.
No entanto, existem soluções. Uma redução do déficit público permitiria recuperar a confiança dos mercados, estabilizar o real e assim limitar a “defasagem” nos combustíveis. Mas o governo parece relutante em tomar essas medidas impopulares a curto prazo.
No final, é a escolha política de manter a todo custo uma política fiscal expansionista que condena os brasileiros a enfrentar um novo aumento nos preços da gasolina e do diesel nos próximos meses. Uma decisão que terá um alto custo econômico e social.
Por Gérôme Jean Alain Walch
Presidente Brazil Partner Group.