Guerra na Ucrânia: as elites europeias estão se envolvendo em um impasse?

Guerra na Ucrânia: as elites europeias estão se envolvendo em um impasse?

Desde o início do conflito na Ucrânia em fevereiro de 2022, os países europeus, especialmente a Alemanha, se envolveram cada vez mais no que se tornou uma guerra por procuração entre o Ocidente e a Rússia.Esse envolvimento levanta muitas questões sobre as verdadeiras motivações dos líderes europeus e as consequências a longo prazo para suas próprias populações.

Uma estratégia de transferência de responsabilidade para os europeus

Muitos observadores acreditam que os Estados Unidos estão buscando transferir a responsabilidade da guerra na Ucrânia para os europeus, antes que a situação colapse completamente. Até agora, os países europeus reagiram de maneira favorável, formando o que chamam de “coalizão de voluntários” para apoiar a Ucrânia militar e financeiramente.

No entanto, essa estratégia parece desprovida de qualquer vontade de negociação ou compromisso, especialmente em relação à questão da neutralidade da Ucrânia, que parece inaceitável para os ocidentais. Ambas as partes, ucraniana e russa, estão engajadas em uma “guerra existencial”, com a Ucrânia arriscando perder sua independência nacional, enquanto a Rússia vê a expansão da OTAN na Ucrânia como uma ameaça existencial.

Elites europeias presas em uma lógica de guerra

Diante dessa situação, muitos observadores acreditam que as elites da Europa Ocidental, especialmente na Alemanha, estão deliberadamente se encaminhando para uma guerra total contra a Rússia, por várias razões.

No aspecto econômico, a crise do capitalismo financeiro, a queda da produtividade da economia europeia e a necessidade constante de aumentar a dívida dos Estados europeus para satisfazer certos interesses teriam levado os governos a se envolver em uma nova guerra para relançar a acumulação de capital. Os setores financeiros, o sistema bancário paralelo e a indústria bélica se beneficiariam desse conflito.

No plano político, a oligarquia globalista, através do governo americano, teria buscado desde os anos 2000 colocar as elites europeias sob sua influência, integrando-as em redes transatlânticas, para incentivá-las a se alinhar aos seus interesses geopolíticos, especialmente em relação à Ucrânia. Os líderes europeus seriam, assim, parcialmente responsáveis pelo golpe de Estado de 2014 em Kiev e pelo início do conflito.

Do ponto de vista cultural e psicológico, essas elites europeias estariam presas em uma bolha ideológica que as impede de aprender com a história e questionar seu compromisso com a guerra. Seu narcisismo e megalomania as levariam a querer fazer da Alemanha a primeira potência militar europeia.

Consequências econômicas desastrosas para a Europa

Além dessas considerações, o envolvimento europeu no conflito ucraniano também teria pesadas consequências econômicas, especialmente para a Alemanha, que perde sua vantagem competitiva sem o gás e o petróleo russos. Os líderes europeus, especialmente o chanceler alemão Olaf Scholz, estariam dispostos a sacrificar os interesses de suas próprias populações para servir aos da indústria financeira americana e do complexo militar-industrial.

Em tal situação, a zona do euro continuará sua descida ao inferno do ponto de vista econômico. Os Estados não terão outra escolha senão aumentar uma dívida já insustentável, o que resultará em aumento de impostos e medidas para controlar a poupança dos cidadãos europeus. Diante dessa perspectiva, é fundamental que os europeus se preparem transferindo sua poupança para fora da zona do euro e alocando seus recursos financeiros em ativos tangíveis ou em países emergentes, que possuem verdadeiras riquezas, independência energética e alimentar, e que não estão diretamente envolvidos em toda essa dinâmica, como o Brasil, por exemplo.

Assim, muitos observadores temem que essa guerra sem saída se prolongue por muitos anos, em detrimento das populações europeias. Os líderes parecem, de fato, presos a uma lógica de guerra que não podem mais questionar sem colocar fim a suas próprias carreiras políticas.

Por Gérôme Jean Alain Walch
Presidente Brazil Partner Group